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A Nova Geração de Ransomware via Navegador e SaaS

Tradicionalmente, o ransomware exigia a infecção direta do sistema de arquivos de um computador — seja via phishing, malwares embutidos em documentos, ou falhas em RDP.

A notícia CISO Advisor baseada em um estudo da SquareX, alerta para uma evolução no vetor de ataque agora os navegadores e serviços em nuvem/SaaS tornaram-se os novos alvos, refletindo a transformação digital e o modelo de trabalho híbrido/cloud-first.

Esses ataques não dependem da execução local de arquivos, o que contorna antivírus, EDRs, firewalls e outras defesas baseadas em host, tornando-os invisíveis para a maioria das soluções tradicionais de segurança.

A notícia aponta três principais métodos usados por invasores. Ataque indireto, onde um aplicativo malicioso solicita permissões legítimas para acessar contas em Google Drive, OneDrive, etc. Ao obter autorização, o atacante não precisa da senha da vítima, apenas do consentimento — e pode apagar, copiar ou publicar arquivos confidenciais, isso transforma a vítima em cúmplice inconsciente do ataque. Uso de IA para mapear serviços SaaS utilizados por uma organização, permitindo ataques personalizados.

O phishing de consentimento é mais difícil de detectar, pois não imita login, mas simula um fluxo de autorização legítimo., as extensões, uma vez instaladas, podem abusar das permissões do navegador para acessar cookies, tokens, senhas salvas e histórico de navegação.

Se o navegador estiver sincronizado com outras máquinas, a infecção pode se propagar lateralmente, mesmo em ambientes corporativos com segmentação. A ameaça descrita impõe desafios estruturais para a cibersegurança moderna, ferramentas de endpoint tradicionais (AV/EDR) não operam dentro do escopo do navegador/SaaS. Modelos de Zero Trust precisam ser reforçados, principalmente no que diz respeito ao consentimento de aplicações e gestão de identidade, a segurança deve migrar do endpoint para a camada de identidade, comportamento e autorização.

A própria notícia (CISO Advisor) sugere contramedidas, que são coerentes com boas práticas modernas, como revisão contínua de aplicações conectadas via OAuth, controle e auditoria de extensões de navegador, adoção de autenticação multifator (MFA) em todas as plataformas críticas, implementação de CASB (Cloud Access Security Broker) e SSPM (SaaS Security Posture Management) para governança de apps cloud e treinamento sobre phishing de consentimento, que requer conscientização além do phishing tradicional.

Embora não haja, segundo o texto, ataques massivos documentados até o momento, o cenário apresentado é altamente plausível, especialmente devido ao aumento do uso de SaaS e BYOD (Bring Your Own Device). O baixo custo e alta escalabilidade desse tipo de ataque o tornam altamente atrativo para grupos de ransomware como serviço (RaaS). A superfície de ataque invisível para defesas convencionais aumenta o risco de impactos severos sem detecção precoce.

Finalmente o texto descreve de forma clara uma tendência emergente e disruptiva no ecossistema de ameaças cibernéticas. O uso do navegador como vetor de ransomware marca uma mudança profunda no modelo de ataque e exige que empresas repensem sua arquitetura de segurança, migrando de defesas baseadas em infraestrutura para defesas baseadas em identidade, autorização e comportamento.

O que as empresas precisam implementar ou ajustar (complementando). Impedimento do sequestro via OAuth / Consent Phishing, alicativos maliciosos solicitando permissões para Google Drive, OneDrive, etc. O exercício de revisão periódica das aplicações conectadas (OAuth) em contas corporativas e revogar acessos não autorizados. Restringir uso de contas pessoais em ambientes corporativos (Google, Microsoft). Usar CASB (Cloud Access Security Broker) para monitorar e bloquear apps não aprovados. Impor políticas de autorização baseada em escopo mínimo (least privilege). Sem dúvidas a educação contínua sobre phishing de consentimento, que simula mensagens de autorização legítimas.

O pishing personalizado usando IA e uma realidade para capturar credenciais e mapear ferramentas SaaS utilizadas.

Ativar a autenticação multifator (MFA) em todas as plataformas SaaS. Execução programa de treinamento avançado de segurança para identificar phishing “sofisticado” (e-mails que imitam fluxos de autorização reais). Implementar proteção contra e-mails maliciosos com IA/ML, como serviços baseados em comportamento e reputação e monitoramento de anomalias em login e atividades em SaaS com ferramentas de SIEM ou SSPM (SaaS Security Posture Management). As extensões maliciosas acessando senhas, histórico e sincronizações, política restritiva de instalação de extensões no navegador (whitelist via GPO ou MDM). Desabilitar sincronização de senhas e dados de navegação em ambientes corporativos. Utilizar navegadores corporativos gerenciáveis (ex: Chrome Enterprise, Edge for Business) e segmentar o acesso aos navegadores em VDI ou containers quando acessando dados sensíveis. Uso abusivo ou indevido de SaaS sem visibilidade do time de segurança. Inventário contínuo de aplicações SaaS utilizadas na empresa (Shadow IT). Aplicação de políticas de acesso baseado em risco/contexto (ex: localização, dispositivo, horário). Integrar SaaS a soluções de DLP (Data Loss Prevention) para evitar extração indevida de dados. As auditorias são bom aliado, exercícios periódicos auditagem de logs de acesso e alterações em arquivos cloud (Google Drive, OneDrive, Dropbox).

O processo de resposta a incidentes e contenção proativa, e um aliado muito importante no dia a dia. A execução de bloqueio de tokens OAuth suspeitos imediatamente após detecção, isolamento de contas e dispositivos afetados, monitoramento contínuo de indicadores de exposição (IOEs) em plataformas de threat intel e configuração de alertas em tempo real em caso de movimentações incomuns ou downloads massivos.

Por tanto diante do avanço dos vetores de ataque voltados ao ambiente de navegação e serviços SaaS, torna-se imperativo que as empresas adotem uma postura mais proativa e contextualizada em relação à sua cibersegurança. A superfície de ataque evoluiu — agora se estende para além dos endpoints tradicionais, alcançando fluxos OAuth, extensões de navegador, sincronizações automáticas e acessos a múltiplos serviços em nuvem.

Nesse novo cenário, não basta apenas investir em soluções tecnológicas; é fundamental estabelecer uma governança de acesso robusta, políticas de uso bem definidas e visibilidade contínua sobre aplicações conectadas, especialmente em ambientes de shadow IT. A proteção eficaz dependerá da combinação de educação contínua dos usuários, automação de resposta a incidentes, uso de inteligência comportamental e controle granular de permissões. Ao alinhar medidas preventivas, como o uso de CASB, SSPM, DLP e navegadores corporativos, com ações de detecção e resposta orientadas por threat intelligence, as organizações estarão mais preparadas para enfrentar essa nova geração de ameaças que não requerem malware no disco nem exploração de vulnerabilidades convencionais. A resiliência digital, nesse contexto, será alcançada pela integração entre pessoas, processos e tecnologias.