Como aprimorar a segurança das informações na era do trabalho remoto?

É importante que as companhias e os líderes entendam o que está em jogo com o deslocamento dos espaços de trabalho

Na rua, em casa, no aeroporto, no hotel e, quem sabe, às vezes no escritório. Na era da transformação digital, o espaço de trabalho pode ser e estar em qualquer lugar. Afinal de contas, com o avanço da tecnologia e da Internet, ganhamos uma série de novas ferramentas que estão revolucionando a disponibilidade das informações. Por outro lado, o acesso móvel das plataformas de negócios também provoca suas questões. A maior delas, sem dúvida, é que os dados sigilosos de sua operação podem estar em risco, diante de ameaças cada vez mais sofisticadas. Mas como uma companhia pode se preparar para lidar com o trabalho remoto de forma segura e adequada?

Esse é um desafio e tanto, ainda mais porque a demanda por trabalho remoto é inevitável. De acordo com um levantamento da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), mais de 80% dos trabalhadores brasileiros admitem que gostariam de ter algum tipo de atividade remota. Outra análise, dessa vez da consultoria Robert Half, aponta o Brasil como o terceiro país do mundo no ranking com o maior aumento das iniciativas de flexibilização e digitalização dos espaços de trabalho.

A questão, portanto, não é mais pensar se o trabalho remoto é bom ou ruim. Agora, os líderes e executivos estão sendo chamados a entender como implementar essas ações com segurança, extraindo o máximo valor e qualidade da distribuição móvel das forças de trabalho. Segundo pesquisas do Gartner, até 2021, aproximadamente 75% de todas as iniciativas para alavancar novas formas de trabalho digital ao redor do mundo falharão. Entre os motivos, estão a falta de liderança, dificuldades relacionadas a infraestrutura e, ainda, a falta de atenção às brechas de segurança geradas a partir da maior mobilidade dos colaboradores.

Para não fazer parte dessa projeção e, ao mesmo, lidar com as exigências dessa nova geração de colaboradores, as companhias precisam adotar medidas práticas para reforçar a cultura interna e aprimorar as barreiras de proteção em torno dos ativos digitais e estruturas internas. É missão dos líderes tornar a experiência móvel dos colaboradores muito mais proveitosa e produtiva para a organização, sem descuidar das questões práticas de segurança.

Neste cenário, é importante que as companhias entendam o que está em jogo com o deslocamento dos espaços de trabalho. Por exemplo: para que a mobilidade corporativa funcione efetivamente, é preciso garantir a alta disponibilidade dos sistemas e a conectividade à disposição dos profissionais. Esse passo é essencial para garantir uma experiência adequada aos colaboradores.

No entanto, o trabalho remoto deve ser trabalhado de forma adequada, sem descuidar da segurança. Por isso, é sempre importante que as companhias desenvolvam planos voltados à identificação e mitigação das ameaças externas, criando ambientes realmente preparados para combater as possíveis vulnerabilidades ou riscos e, ao mesmo tempo, maximizar a oferta de tecnologia aos profissionais. Após essa análise, as empresas poderão adotar soluções práticas e totalmente direcionadas as suas necessidades operacionais.

Uma das ações fundamentais para garantir a disponibilidade de dados de forma segura é a implementação de um firewall na rede. Essa é uma ação de segurança primordial e bastante eficiente, pois é esse o recurso que ajudará a filtrar as solicitações, protegendo os sistemas corporativos. O firewall é uma importante peça de controle, capaz de avaliar e identificar os comportamentos suspeitos dos usuários.

Outra dica é construir políticas de Controle de Acesso mais ajustadas, estabelecendo os níveis de identificação, autenticação e disponibilidade das informações a partir do perfil, cargo e área do colaborador. Reforçar a necessidade de proteger os dados mais sigilosos é importante, principalmente, com o avanço dos programas de BYOD (Traga seu próprio Dispositivo – de Bring Your Own Device, em inglês) em que cada funcionário pode usar seus próprios equipamentos. Desta forma, ao estabelecer diferentes níveis de privilégio no acesso, evita que um colaborador tenha acesso a dados que não são de sua competência.

Vale destacar, ainda, que os líderes de tecnologia também devem reforçar as regras e modalidades dos processos de identificação e autenticação do acesso aos sistemas corporativos. Criar regras específicas para a definição de senhas e combinar diferentes fatores de autenticação para login e visualização de conteúdo são duas etapas muito indicadas. O objetivo dessas ações é simples: quanto mais camadas de proteção no acesso aos seus sistemas, maior o nível de proteção de seus sistemas.

Além disso, é essencial que as companhias consigam monitorar e controlar a performance de suas redes. Nesse contexto, uma opção é investir em ações de Shadow IT com a contratação de serviços direcionados à avaliação contínua da rede. Essa prática possibilita um ciclo de inovação mais rápido e orientado aos resultados, sem a necessidade de alteração física do ambiente. Dessa forma, é possível reduzir o tempo e a burocracia das aprovações internas e consolidar mecanismos de controle muito mais rápidos. Em tempos de transformação diária da área de TI, agilizar a análise é fundamental para avaliar o uso de aplicações desconhecidas ou não autorizadas e para prevenir vazamentos de dados e outros incidentes.

Hoje, não há mais dúvidas de que o trabalho remoto é o futuro das operações. Com esse caminho, as companhias terão mais agilidade e oportunidades para integrar novos talentos, tornar a tomada de decisão mais rápida e satisfazer os consumidores de forma completa. A boa notícia é que até mesmo os desafios para a gestão das informações, hoje, estão mais simples e fáceis de se vencer. O mercado está preparado para apoiar as organizações que querem trilhar com sucesso essa jornada. Sem dúvida, os executivos que optarem por liderar suas empresas com segurança vão garantir o sucesso e a perpetuidade dos negócios na nova era digital.

*Marcel Mathias é Diretor P&D da Blockbit